segunda-feira, novembro 06, 2006

Sepulta teu coração


"Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são."
(Miguel Cervantes)

O dia 30 de Janeiro de 2006 foi um dia normal e com notícias esperadas de amigo que iria ser caloiro na faculdade de Filosofia.
A notícia já se sabia. Está lá na internet mas foi com enorme alegria que avisei todos os amigos: seria 4 de Fevereiro o dia de nosso amigo ser promovido. Ia começar a realização de seu sonho.
E todos deramos conselhos porque isto de ser um novato na Universidade assusta qualquer um.
... ... ...
Mas algo de estranho se passou.
De repente SOS e todos em pulvorosa: cadê o amigo, cadê?
Foram dois dias de preocupaçãp para nós, telefonando para tudo que era hospital.
... ... ...
Aqui vou saltar porque estas coisas são íntimas e a fidelidade a amigo para mim é válida. Até à morte. Nem vale a pena falar...porque tudo está gravado em blog e em Print Screen.
... ... ...
...A semana passada demos com uma declaração de ódio do nosso amigo num blog de que é dono!!
Estranho?? Bem eu com meu 7º sentido não queria acreditar no que o coração me dizia já desde Março de 2006: algo de grave se passara porque não pode alguém em 36h dar uma volta de 180 graus e ainda por cima sendo adulto e inteligente.
Na véspera da declaração de ódio, tinha este moço escrito que quem comentava era drogado, usava alucinogéneos, maconha. Conversa estranha para se comentar um poema. Ora um poema ou se gosta ou não mas insultar nunca se vira tal.
Sendo que, de filosofia e de psicologia, sei o essencial falei com professores de Universidade e um deles até comentou no blog. Mas o moço claro que apagou.
Este apagar já era para esconder algo que de verdade era ali dito: que se ele odiava é porque ama essa pessoa e a tinha em elavada consideração.
Seguiram-se discussões em comunidades de psicologia, filosofia e psiquiatria e aqui venho vos comunicar o que aprendi, ou melhor, recordei dos bancos de liceu qd se falou de emoções e de sentimentos.
Este assunto deu tb para fazer plano e estratégia para aula de afectos/sexualidade de moços de 15 a 18 anos.

Infelizmente aquilo de que suspeitávamos apenas se tornou realidade: amigo tinha sofrimento atroz e apenas vira como pedir socorro aquele modo. De onde viera aquele transtorno de personalidade notado desde Janeiro? Já não havia dúvidas.
Crime foi cometido e por nós jamais esquecido, ou no meu caso, sequer perdoado.
Assistia em retrospectiva aos horrores que aquele ser tinha provado e que dera este desenlance: culpar os outros pelas suas dificuldades. As noções negativas que lhe foram incutidas faziam-no atribuir a pessoas ou situações motivações malévolas que na verdade não passam de projecções de seus próprios temores. Ainda que não haja evidências apoiando esta ideia.
Perante as explicações e discussões quis saber se aquilo ao menos q escrevera lhe fizera bem. Que não, não serve de catarse mas sim de um acirrar de maior dor.
Nunca poderá ser completamente feliz com aquele terror, fantasma em seu íntimo. Ninguém pode fugir toda a vida e aquele trauma pode sempre surgir em momentos de stress de sua vida.
Penso como sempre pensei: que tudo tem solução e apenas uma conversa a dois em local público, olhos nos olhos, se pode saber quem é quem e o quê de tanta aflição naquela mente.
Enquanto tal não suceder aquele moço tomou cicuta na esperança de que o outro morresse.
Mas a morte pode ter muitos aspectos sendo que o facto de ser adulto lhe dá um valor de difamação.
Porque apenas eu escrevo isto e os outros não? Porque os outros quando viram o comportamento pós Janeiro o mandaram passear. Nem sequer o conheciam pessoalmente. Aquilo não era amigos deles e portanto já nem seu conhecido lhes era.
Na minha fidelidade de amigo permaneci à distância. NUNCA lhe falara desde essa altura mesmo desde o dia da ameaça de morte que recebera de um parente.
E agora se analisa: cadê os amigos dos bancos de escola? onde estão os verdadeiros amigos?
A solidão é terrível e eu tenho uma imensa pena.
Como se tivera irmão condenado á morte. Esta a mais lenta de todas e na continuação da tortura.
E eu que pensara que podia morrer agora por o imaginar feliz. Afinal houvera crime!
... ... ...
Sim estarei sempre aqui e sou amigo mesmo para além da morte. Nunca me ensinaram a odiar. Benditos pais que me educaram. E também me disseram que a Amizade é sinónimo de fidelidade e o esencial é compreender amigo.
Em quem penso agora, neste instante?

Numa cadela chamada Nica!

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Não estaria aqui a falar se não nos tivessemos de defender.
Por isso apenas o essencial. O resto está num livro sobre esta vida e que se está a escrever.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se adivinha o que se passou.
Por aqui, no Brasil, é raro existir essa amizade de que fala. Infelizmente é tudo muito superficial.
Mau essa mãe ter obrigado filho a não seguir facu. Se deve deixar os filhos seguir os seus sonhos mesmo q tropecem q o facçam enquanto somos vivos. Pais se esquecem q ao proteger assim os filhos lhes estão a dar insegurança para a vida.
Gostei do post e vou aparecer aqui mais vezes.
Com a sua força creio q conseguirá a cordo o moço ou quem sabe se alguém amigo aqui vier.
Mi.Angelus