sexta-feira, agosto 30, 2013





   Para a Helena Matos, na TVI24 de Agosto de 2013*

   Fala como se fosse dona da verdade e estivesse a atacar um assaltante á sua bolsa e a seu património. Parece ministro da propaganda do governo…e como jornalista deveria ser transparente e provar perante bibliografia as suas verdades gritadas em tom agressivo. Claro que temos sempre a hipótese de desligar mas com a responsabilidade de se usar todas as opiniões, recados e tentativas de manipulação para estratégia de aulas de alunos de 12º ano em várias disciplinas. É o dever que temos de formar educar para a cidadania.
Assim para que possa repensar seu modo de falar em público lhe vou dizer:
--Quando se fala de funcionalismo público falamos de médicos, enfermeiros, professores,educadores de infância, assistentes sociais, e de um modo geral técnicos (nome fino actual para os ex-empregados auxiliares de educação e administrativos)…e até as empregadas de limpeza e os tais “sem qualificações” que atendem aos balcões (e nas câmaras)” que trabalham para o Estado;
--estes cargos só podem ser ocupados por quem fez CONCURSO PÚBLICO**
A palavra pública quer dizer que as provas e os resultados são publicados em Diário da República e sujeitos a reclamação. Recordo-lhe que até o facto de casar ou se divorciar tem de vir em DR…
--um funcionário público inicia assim uma carreira e está sujeito a um Estatuto de Carreira que lhe impõe regras e normas como a de ética e de servir TODOS de igual modo. Está sujeito a processos disciplinares, inquéritos que podem chegar a tribunal administrativo. Recorde o que é um tribunal administrativo.
--Está sujeito a avaliação chegando o patrão Estado a ir de hora a hora ver se o seu funcionário está a trabalhar ***
--não pode mentir acerca de seu salário para não pagar ou fazer menores descontos. Daí o que desconta em média ser superior ao que desconta quem declara salário mais baixo ou até tem a infelicidade de ter patrão que fica com os descontos e Estado nada faz. Pode um privado declarar até com compadrio de patrão menor salário e lhe sobrará mais rendimento podendo juntar para ter sua casa, por exemplo. Convém recordar-lhe que os descontos que patrão e empregado fazem são salário do trabalhador…Será pois até natural que quem mais desconta maior reforma possa ter.
--PERGUNTO À Helena Matos se ela tem pais/avós vivos e que tenham descontado desde 1980, pelo menos. Pergunte-lhes de onde veio o dinheiro que permitiu pagar reformas e subsídios a quem nunca descontou. É que esses funcionários públicos activos de 1976 em diante PAGARAM REFORMAS DE QUEM NUNCA DESCONTOU…chama-se isso a tal solidariedade geracional.
 --Logo na FP não existe quem ganha mais não paga mais. É também na FP que as mulheres e homem exercendo funções de igual responsabilidade e habilitação recebem salário igual
--a falácia de que tem de se despedir para qualificar pois muitos têm apenas o 4º ano/o 9º ano de escolaridade não é válida. Não sei como o Estado vai substituir mulheres a dias, funcionários de limpeza e os cargos mais mal remuneradas por pessoas com licenciatura mesmo que seja de 3 anos (a la bolonha). É falso que quem tem 12º ano e universidade se preste a trabalhar por 350 euros (já com descontos). Muitos esquecem que a nossa função pública é a mais bem qualificada da Europa. Esta estatística veio nos jornais ainda no tempo de Sócrates e andava ele já a fazer a diminuição de funcionários (mas de modo decente)…
--não existem horas extraordinárias para ninguém nem sequer prémios ou distribuição de lucros no final do ano. As carreiras estão congeladas desde 2007 e apesar de haver quem tenha feito mestrado e doutoramento (pago de seu bolso e com o subsídio de férias****) ou feito pós graduações em universidade pública sem sequer faltar ao serviço ou a qualquer aula. Falo de cursos reconhecidos pelo Ministério de Educação e relacionados com a área de seu cargo/lugar e com exames finais ao lado de alunos normais (de graduação).
--funcionário público tem de obedecer a seu superior e “não á pago para ter ideias” (excepto em algumas escolas públicas onde os professores ainda podem ser livres e criativos)…
--- quanto ás férias: já há mais de 6 anos que são apenas 22 dias úteis e não pode faltar quando lhe apetece. Se está doente não tem direito a subsídio de doença; tem seu salário reduzido e está sujeito a Junta médica presidida por um…tipo de Direito!!! (o médico não manda nada e até pode considerar que quem ficou surdo pode ser professor e quem faz quimioterapia não tem direito a redução de horário para fazer tratamento).

--
Quanto a quem trabalha na privada:
---não tem provas e exames públicos ou tendo-o em geral não é publicitado ou a classificação final conhecida por todos;
--pode ser despedido, pois pode mas se o patrão não lhe paga o que está estipulado em seu contrato de trabalho é o Estado que vai aos impostos de todos nós e lhes paga a indemnização. Se calhar não sabia e veio nos jornais esta semana.
-- pode ter ideias para melhorar serviço, seu trabalho e até ser motivado para tal.
Há mais diferenças mas quem trabalha numa IBM ou numa EDP ou PT deve saber bem melhor do que eu.
Se a senhora teve acesso ao documento de Paulo Portas sobre Reforma do Estado, faça-nos um favor: PUBLIQUE-O EM SEU BLOG.
Mais haveria dizer sobre ouvimos mas a seu tempo acederemos ao vídeo de sua actuação nesta 5ª feira de Agosto de 2013.

 * porque não tem endereço para a contactarmos.
** Como deve saber há quem tenha entrado para a FP via partidos, jotas as chamadas clientelas ou modernamente chamados assessores/experts de 25 anos de idade…
*** os professores de alunos de ensino obrigatório…
**** recordo-lhe que os subsídios de férias e de Natal SÃO SALÁRIO de qualquer trabalhador e não um favor/caridade do patrão “bonzinho e temente a um deus” . Em Portugal não é costume ser o empregado a dizer se quer receber logo tudo o seu salário de uma vez, semanal, ou mensal ou semestralmente. Somos um país que desde Salazar apostou nas baixas remunerações e na subserviência perante o patrão e igreja. O chamado paternalismo.E ao contrário de outros países na Europa só há 35 anos temos estado social...

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