Despido dos medos e das tuas verdades
Já que a morte plantaste em teu jardim
Uma corda uma garganta e um doido
Gritando: meu irmão já morreu. É morto
Uma rua cheia de lama mesmo ruim
Deixas cinco viuvas inconsoláveis
Sabendo que apenas uma vai ao velório
Aquela que sentira tua morte anunciada
E que possuías várias vidas descartáveis
Jaz exangue, cansado, frio sem ninguém
Te faltam os paramentos sonhados dourados
Nenhuma das belas te quer amortalhar
e só uma apenas te amou sem desdém
vinho doce daquele que nunca usaras
recordando as bodas que não tiveras
Lembrando as nunca tidas alegrias
de um sémen gerador de filhos
Um irmão que grita: ele morreu
E rindo com esgar de bêbados
O braço de ferro ela venceu
Tinha o filho onde sempre quis
Ficou ali esquecida mais uma vez
Olhava o corpo tão franzino
A quem nunca recusara sua nudez
Pois o sabia poeta e terno menino
Foram dois, os corpos encontrados
Rostos serenos sem traço de dor
um sobre o outro abraçados
Como de um adormecer depois do amor
autor: MNB
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